No meu trabalho como psicólogo é muito comum que meus pacientes, logo nas primeiras sessões, perguntem quanto tempo dura a terapia ou quantas sessões serão necessárias para que se alcancem certos objetivos.
Fazer terapia exige esforço psicológico – não é “só conversar”, passa muito longe disso; esforço financeiro – dependendo do orçamento da pessoa, pode ser um gasto considerável; e esforço logístico – ir até o local ou, mesmo no atendimento on-line, toda semana, ter um horário disponível para a sessão.
Então, é uma dúvida muito válida. Quem não quer saber a duração média de um serviço pelo qual geralmente está pagando e se engajando?
Apesar de não existir um número exato e fechado para cada paciente, temos algumas boas pistas e podemos dar uma ideia ao cliente, de forma geral, sobre a duração do tratamento.
Certamente, a duração do processo vai depender das necessidades do cliente/paciente, do tratamento utilizado, da rede de apoio que se tem fora da terapia e o quão profundo o cliente/paciente deseja ir no processo.
Geralmente, pacientes com quadros crônicos (de longa duração) exigem maior tempo que aqueles com quadros agudos (questões pontuais e que não sejam de longa data).
Pessoas com uma história de eventos traumáticos na infância/adolescência podem necessitar de maior tempo de terapia do que aquelas que estão lidando com um evento adverso mais recente, como uma perda significativa, uma dificuldade sexual ou o término de um relacionamento.
Com relação aos tratamentos disponíveis, é importante que o paciente/cliente saiba que existem diversas abordagens psicológicas, ou seja, maneiras diferentes de se entender o funcionamento psicológico humano. Dessa forma, as técnicas utilizadas, como base nessa compreensão, serão diferentes. E o tempo necessário também.
Intervenções baseadas em terapia cognitivo-comportamental ou terapia EMDR, por exemplo, quando com foco em alguma questão muito específica costumam, na média, durar menos que processos com foco mais amplo. Repito, na média.
É comum que, antes de se ter uma ideia da duração do processo, o/a terapeuta necessite realizar várias sessões de avaliação. Cada caso é absolutamente único e o atendimento precisa ser totalmente personalizado.
As previsões de duração também podem mudar durante o processo, a depender de fatores que fogem ao controle do terapeuta e que podem acontecer na vida do cliente.
E quando a terapia termina? Geralmente, quando os objetivos estabelecidos entre terapeuta e cliente para o processo foram alcançados.
Ok, mas quanto tempo, em média, dura a terapia?
Temos alguns dados interessantes, resumidos pela American Psychological Association (Associação Americana de Psicologia – APA). Os números abaixo também coincidem com o que vejo mais comumente na minha prática como psicólogo como duração média dos processos:
– Pesquisas recentes indicam que, em média, de 15 a 20 sessões foram necessárias para 50% dos pacientes se recuperarem, conforme indicado por medidas de autorelato de sintomas
– Há um número crescente de tratamentos psicológicos específicos de média duração (por exemplo, 12 a 16 sessões semanais) que demonstraram cientificamente resultar em melhorias clinicamente significativas.
– Na prática, pacientes e terapeutas, às vezes, preferem continuar o tratamento por períodos mais longos (por exemplo, 20 a 30 sessões ao longo de seis meses), para alcançar remissão mais completa dos sintomas e para que se tenha mais confiança nas habilidades adquiridas para manter os ganhos do tratamento.
– Evidências clínicas de pesquisa sugerem que pessoas com condições concomitantes ou certas dificuldades de personalidade podem precisar de tratamento mais longo (por exemplo, 12 a 18 meses) para que a terapia seja eficaz.
– Evidências clínicas de pesquisa sugerem que pessoas com condições concomitantes ou certas dificuldades de personalidade podem precisar de tratamento mais longo (por exemplo, 12 a 18 meses) para que a terapia seja eficaz.
Em resumo, a terapia pode durar algumas poucas dezenas de sessões (maioria dos casos) até ser uma necessidade para a vida, ao menos na forma de manutenção, em situações mais pontuais.
Se você pensa em fazer terapia, a duração do processo pode, sim, ser um tema a ser discutido com seu terapeuta. Provavelmente, ele/ela não poderá te dar um número exato de sessões ou de tempo, no entanto, poderá te auxiliar a ter mais informações sobre o processo e alguma ideia do tempo que isso requer.